domingo, 3 de fevereiro de 2013

O mito sobre o Ninja...........

Posso desaparecer à noite,
transformar meu corpo em madeira ou pedra.
Posso mergulhar nas profundezas da terra,
atravessar paredes e portas fechadas.
Posso voar como um pássaro ou tornar-me um peixe para viver debaixo d'água.
Posso morrer, muitas vezes,
No entanto, não permanecerei morto.
Eu posso mudar o meu rosto e tornar-me invisível,
e eu vou andar entre vocês, sem ser notado.
Eu sou um shinobi  e o meu caminho é o Ninjutsu.


Tenchuu Ryu Ninjutsu


domingo, 22 de janeiro de 2012

DENSHOS (Textos Clássicos do Ninjutsu)

Ninpiden / Bansenshukai / Shoninki

O Ninjutsu, ao longo da história japonesa, sempre foi praticado secretamente. Cada Clã possuía um estilo próprio e fechado, onde seus ensinamentos eram transmitidos ao longo das gerações por Densho (pergaminho secreto onde eram registradas todas as técnicas do Clã) ou Kuden (transmissão verbal). Atualmente existem três importantes Denshos disponíveis ao público: Ninpiden, Bansenshukai e Shoninki, todos escritos no Período Edo (1603-1868). Nesses Denshos constam informações históricas, discussões da essência do Ninjutsu, algumas armas específicas, técnicas de espionagem e vários outros assuntos. Entretanto, não existem descrições de técnicas de combate desarmado.
O Período Edo iniciou-se em 1603 quando um novo homem, Ieyasu Tokugawa, tornou-se Shogun de Edo (antigo nome de Tókio). A época ficou marcada por uma sociedade japonesa rigidamente dividida em quatro classes: samurais, camponeses, artesões e comerciantes. Aos membros dessas classes, não era permitida a troca de status social. O duro sistema de administração dos samurais adquiriu notável desenvolvimento e eficiência, e marcou o auge do feudalismo japonês. Ieyasu distribuiu os feudos obtidos na unificação entre os seus mais fiéis vassalos. Entretanto, os novos Daimyo passaram a ser atrelados ao governo central. Durante esse Período, os ninjas foram usados em espionagens e assassinatos de Senhores Feudais pelo próprio Xogun. Depois de um tempo se transformaram na polícia secreta e na rede de espiões. Esse novo sistema manteve o poder nas mãos dos Tokugawa por mais de 250 anos, em um período bem mais tranqüilo que os anteriores (sem mais guerras interfeudais), que ficou conhecido também por "A Idade da Paz Ininterrupta".


Ninpiden

Em 1653 Hanzo Hattori escreveu o primeiro destes três Denshos, o Ninpiden, "Ensinamentos Secretos do Ninjutsu". O Clã de Hattori pertencia à região de Iga e não era considerado um Clã Watari Ninja (Ninjas mercenários) e sim fiéis a Tokugawa. O Primeiro Hanzo Hattori, considerado o mais famoso ninja da História, possivelmente não foi o mesmo que escreveu o Ninpiden, pois, segundo relatos históricos, ele faleceu em 1596 e, após sua morte, muitos de seus descendentes também adotaram o nome de Hanzo Hattori. Acredita-se até que diversos feitos da lenda Hanzo Hattori tenham sido, na verdade, desempenhados por seus sucessores e erroneamente transmitidos entre as gerações como de um único Hanzo Hattori. Em todo caso, esse Densho é composto por 4 volumes, onde são descritos alguns ensinamentos de Ninjutsu, dando ênfase a parte de construção de armas e equipamentos. 

Bansenshukai

O Bansenshukai , cuja tradução literal significa "10.000 rios que chegam ao mar", é um Densho de Ninjutsu escrito em 10 volumes. O material foi compilado por Yasutake Fujibayashi no quarto ano de Eno (1676) e discorre sobre filosofia, táticas e estratégias militares, astrologia e armas, as quais são relacionadas especificamente com o Ninjutsu.

Ainda que, ao longo da leitura, se possa perceber que o autor tenha sido influenciado por pensamentos chineses e que indica conexões com as tradições militares daquela nação, o material foi apresentado como o que de melhor e mais moderno havia sobre os conhecimentos de Ninjutsu até então - o que é sugerido pelo próprio nome Bansenshukai.
Apesar do Clã Fujibayashi ter sido uma das mais conhecidas famílias e oriunda da região de Iga, historiadores creditam o Bansenshukai como um Densho tanto do Ninjutsu de Iga quanto de Koga. Esse Clã, mesmo pertencendo a região de Iga, vivia muito próximo a região de Koga e praticava um estilo de Ninjutsu diferente, se comparado com os dos Momochi e Hattori - tidos como a coluna vertebral do Ninjutsu de Iga.
Contudo, o mais importante é que atualmente ainda existem algumas transcrições ou cópias desse Densho. Entre elas destacam-se a de Ohara Kazuma, de Hachizaemon Agano, a de Morichiro Oki e uma outra, em condições excelentes, pertencente ao Governo Japonês, levada a Edo aproximadamente em abril do primeiro ano da era Kansei (1789), depois de percorrer templos e santuários budistas e ser apresentada ao magistrado Matsudaira. Ainda que a família de Ohara Kazuma possua uma destas transcrições, a mesma se encontra em um estado lastimável, devido ao ataque de fungos e insetos. Recentemente foi descoberta uma outra cópia em melhores condições.
Embora a versão original não seja mais publicada, alguns historiadores consideram que a nova edição seja mais fácil de ler e entender, pois está adaptada a linguagem moderna. Os "10.000 rios chegam ao mar" segue uma estrutura ordenada, com um enfoque científico e outro ético onde se dá importância ao "espírito valoroso". Contudo, deve-se entender que esses ensinamentos não são de interesse para maioria das pessoas, isso porque além dos rígidos treinamentos e habilidades necessários, é uma literatura pouco atraente para quem não se interessa por Ninjutsu.


Shoninki

O Shoninki, texto clássico do Kishu-ryu Ninjutsu, o qual significa algo como "Narrativa sobre a realidade do Ninjutsu", foi escrito em 1682 por Natori Mazazumi e constutui-se de três volumes. Esse estilo foi criado por guerreiros da região de Iga que escaparam do extermínio na batalha de Iga no Ran. Entretanto, apesar dos fatos históricos demonstrarem o Kishu-ryu como uma ramificação do Iga-ryu, existem diferenças fundamentais entre essas duas escolas. Em todo caso, o texto cobre somente tópicos relativos à estratégia de espionagem e não de técnicas especificas de luta. Apesar de não ser muito longo, ele reflete certos pensamentos do Ninjutsu, os quais são muito interessantes para qualquer um que queira aprender mais do que simples técnicas.

Nota:
É importante ter em mente que esses três Denshos foram escritos para um seleto grupo da época, e sem comentários e interpretações de texto, muito poderia ser perdido. Portanto, os comentários seguem as traduções em cada página. Além do mais, nesse primeiro trabalho não pretendo esgotar todos os seus conteúdos, e sim mostrar ao leitor alguns assuntos interessantes, com o objetivo de revelar o aspecto estratégico do Guerreiro Shinobi - o mais importante em suas operações no campo de batalha.

Seiko Fujita, o último Soke de Koga Ryu

Províncias do Japão Antigo

sábado, 3 de julho de 2010

ASHIDA KIM


''Ele era um homem oriental pequeno, de ombros largos. Reparei que usava um antigo anel enigma na mão esquerda, que o caracterizava como membro da Sociedade Secreta. Vigilante e alerta, sem deixar transparecer qualquer emoção. Seu caminhar era leve. Ele tinha uma voz que, embora aparentemente moderada, projetava-se facilmente para o ponto mais distante do salão. Ele olhou para cada rosto, como se estivesse memorizando cada um, ou buscasse uma resposta oculta, seu olhar esquadrinhava a mente.  em momento algum sua voz fraquejou. A atmosfera de tensão que esse indivíduo fora do comum trouxera à sala pareceu dissipar-se com a sua saída...''

                    (Ashida Kim Descrito por um de seus alunos)


sexta-feira, 18 de junho de 2010

ONMYOUDOU

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As cidades do Japão foram construídas sobre Pentagramas

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       Olá Preciosos Discípulos,

"Onmyoudou é um sistema japonês que mistura ciência e ocultismo. Literalmente, significa “o caminho do yin e do yang” e baseia-se principalmente na Teoria dos Cinco Elementos do Tao. Os cinco elementos correspondem a fases de energia, e possuem um ciclo construtivo, nos quais todos estão em harmonia, e um ciclo negativo, em que os elementos estão em desarmonia. O ciclo construtivo é representado pelo círculo e o destrutivo pelos traços que formam a estrela. Por isso, o símbolo nos onmyouji, os praticantes do onmyoudou, é um pentagrama, pois representa os cinco elementos em todas as suas relações.
E os Japoneses levam muito a sério estes ciclos! A ponto de construir suas cidades, separadas por quilometros de distância, seguindo estes cálculos.

Em japonês, a palavra “kekkai” significa “barreira espiritual”. É uma barreira de proteção astral, podendo ser comparada ao Ritual Menor do Pentagrama na tradição ocidental. As kekkai podem ter diversas formas, existindo cinco tipos básicos que variam conforme o objetivo de quem quer erguer a barreira. A kekkai mais comum é o pentágono, o espaço formado entre os cinco elementos.
 
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A imagem acima mostra uma kekkai criada no perímetro de um mausoléu de um santuário na cidade de Tokushima, Japão
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Feng Shui e a construção de cidades
Feng Shui é um termo de origem chinesa, cuja tradução literal é vento e água. Sua pronúncia correta em mandarim é “fon xuei”. Os mesmos ideogramas são utilizados em outros países da Ásia com um sentido semelhante: no Japão (fūsui), Coreia (pung-su) e Vietnam (phong-thủy).
Feng Shui, vem da pronúncia americanizada, expressa o barulho do vento e da água, é onomatopeico: “fon suei”.
Segundo esta corrente de pensamento, estabelecendo uma relação yin/yang, os ideogramas Feng e Shui (respectivamente Vento – yang – e Água – yin -) representariam o conhecimento das forças necessárias para conservar as influências positivas que estão presentes em um espaço e redirecionam as negativas de modo a beneficiar seus usuários.
A origem da expressão “Feng Shui” está no Zang Shu (O Livro dos Enterros) escrito pelo Mestre Guo Pu (276-324 d.C). O termo é citado na seguinte sentença:
O Qi é disperso pelo vento (feng) e acolhido pela água (shui).
O Feng Shui é uma corrente de pensamento analítico com tradição de mais de 4000 anos. Os mestres chineses que o estruturaram perceberam que cada área natural, terreno ou edificação é dotada de sua própria vibração influenciada pela presença do Ch’i (chamada em chinês de qi ou Chi) e estaria sujeita às várias influências do ambiente que a circunda.
Constatando que certos tipos de vibrações presentes no ambiente e em seu entorno podem agir de modo benéfico para o corpo e a mente, enquanto que outros tipos tendem a ser prejudiciais, compreenderam a importância de estudar como situar as edificações, móveis e objetos da maneira mais adequada para favorecer seus usuários.
Quando as pessoas buscam este equilíbrio com as forças benéficas da Natureza, podem gozar de saúde, boa sorte e prosperidade. Quando as ignoram e se alinham com influências nocivas, podem experimentar dificuldades e obstáculos que podem se expressar como doenças, má sorte ou indisposição.
Os mestres taoístas que desenvolveram esta arte, não utilizavam-na isoladamente: consideravam-na mais um instrumento de equilíbrio a ser utilizado em conjunto com outras práticas articuladas à Medicina tradicional chinesa, como a acupuntura, a meditação, e o Tai Chi Chuan.
O Kekkai e o Planejamento Urbano
Os onmyouji eram responsáveis pela proteção das cidades contra espíritos malignos e também determinavam qual era o melhor lugar para se construir os prédios a partir da leitura das energias do local. Em outras palavras, eles utilizavam o feng shui direto no planejamento urbano. Por isso, a maioria das cidades do Japão, inclusive as pequenas, têm seus principais edifícios, templos e montanhas, que são consideradas sagradas, nos vértices ou no exato interior de um pentagrama, que por sua vez irá criar a kekkai para proteção.
Na imagem que ilustra a abertura deste post, Um pentágono regular une o Santuário de Ise (Ise Jingu), o Grande Templo de Kumano Hongu, o monte Ibuki, o Santuário de Isanagi em Awaji, e o antigo Santuário de Ise (linhas roxas). Estes santuários foram construídos no século X, e a lenda diz que suas localizações foram ditadas pelos espíritos dos monges ancestrais. Deixo para vocês responderem como monges usando a tecnologia de 1.000 anos atrás conseguiram guiar os construtores para que eles construíssem estes santuários exatamente nas pontas de um PENTAGRAMA REGULAR com 110km de raio sem googlemaps (para vocês terem uma idéia, 100km é a distância entre São Paulo e Campinas).


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 O quadrado amarelo no detalhe, que corresponde ao pentágono verde no mapa maior, refere-se ao castelo de Maruoka, construído em 1576 na cidade de mesmo nome, no distrito de Fukui.
As lendas contam que, toda vez que o inimigo se aproximava, um misterioso nevoeiro surgia, encobrindo a construção.


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As imagens acima são do Círculo de Pedra de Oyu, na cidade de Kazuno. Estes círculos de pedra (existem diversos deles no Japão, falarei sobre isso em outros posts) foram datados como tendo 4.000 anos de idade. Incrível como esses humanos têm as mesmas idéias e usam as mesmas formas para as mesmas funções magísticas em lugares e culturas tão distantes quanto a Inglaterra e o Japão."